Feltro

Élide

Negra, 25 anos, natural de Feira de Santana, chegou em Valéria há 21 anos e atualmente mora na rua Boca da Mata.

E essa foi a primeira peça de Alane em seu novo “projeto 2020”. Vinda de uma família de mulheres do século XXII, visionárias, com bisavó costurando a mão, avó, mãe, tias e irmã, todas com dons voltados ao artesanato, não foi diferente com ela. Começou pelo fuxico, crochê, depois tomou coragem e comprou linha e agulha. Pensou, pensou, assistiu vídeos e fez

a primeira peça de tricô a mão. Deu presente, praticou bastante e após encorajada por uma amiga, deslanchou e começou atender pedidos. Percebendo que suas mãos não eram suficientes para a produção, buscou informação e adquiriu máquinas usadas e, novamente ciente de sua capacidade aprendeu, a utilizá-las apenas ela, os manuais e uma ajudinha do digital.

"Artesãs viram professoras para que as suas alunas peguem suas encomendas."

A menina Élide aos seis anos observava sua avó costurando… A partir desta curiosidade, suas roupas e bonecas eram confeccionadas por suas pequenas mãos: sorte das cortinas e lençóis usados. Já morando em Salvador, um pouco mais crescida, procurou se aperfeiçoar em curso de costura e fazia reparos, porém sempre com os olhos atentos para o artesanato. Sua prima

observadora, lhe trouxe uma sugestão de trabalho em feltro, lhe forneceu molde, material e o principal, a chamou de capaz. Sim, Élide, aquela que, “Meu Deus”, sabe do seu grande potencial e avança para pontos cada

vez mais robustos. Hoje, através do seu trabalho em feltro, tornou-se artesã que se mantém. A fita métrica que herdou de sua avó, mede sua sabedoria, sua busca por formas modernas de produção e mede o seu tempo. A artesã curiosa não quer segurar o conhecimento para si, elaborando apostilas ela passa seu conhecimento a frente e tem em mente que “artesãs viram professoras para que as suas alunas peguem suas encomendas, entendeu? “. São esses os lindos pensamentos da artesã quando produz na brisa da madrugada.